13/08/14

TRABALHAR NA SAÚDE COM SAÚDE

Nestes últimos tempos quase todos os dias um jornal ou um canal de televisão noticiam situações relacionadas com os profissionais de saúde. Desde médicos, enfermeiros, técnicos, directores clínicos ou não clínicos, assistentes operacionais têm-se mostrado descontentes com a sua vida profissional. São muitas e diversas as situações que cada grupo destes profissionais de saúde estão a viver no seu dia a dia. A situação está cada vez mais insustentável, pois há profissionais que trabalham 12 horas e 18 horas seguidas, há turnos que ficam por assegurar porque não há assistentes operacionais para trabalhar. As faltas são justificadas por atestados médicos ( doença, acidentes de trabalho, gravidez, reformas) e alguns estão a prolongar-se durante muito tempo. Apesar do esforço que os encarregados dos assistentes operacionais têm vindo a fazer, mobilizando profissionais de uns serviços para outros, a falta de pessoal tem causado situações caóticas nalguns serviços dos hospitais e centros de saúde, nomeadamente naqueles serviços de funcionamento contínuo, como o caso dos internamentos de medicina. E estas situações começam a ser muito frequentes e mais se vêm complicar com as férias destes profissionais.
Por vezes, a coacção psicológica que é exercida sobre os assistentes operacionais e o clima de medos e receios e ameaças leva alguns destes profissionais a ficar numa situação mais fragilizada e sentem-se incapazes de dizer “basta”, “não”, porque temem pelo seu futuro e pelo seu posto de trabalho.
E mais grave é que os assistentes operacionais que estão a trabalhar e a cumprir o seu contrato de trabalho, ou seja, 40 horas semanais, estão a trabalhar realmente com horários de trabalho ilegais e isso vem mostrar que muitos hospitais continuam a funcionar razoavelmente graças à boa vontade de alguns profissionais.
Os assistentes operacionais são tão importantes como o são os médicos e os enfermeiros. Mas os assistentes operacionais não conseguem mostrar o mesmo poder reivindicativo e de negociação ao Ministério da Saúde e às Administrações das instituições os assuntos que há anos que estão pendentes: carreira, horários de trabalho, regulamentação dos Técnicos de Saúde e aprovação e regulamentação pelo Ministério da Saúde do Curso do Técnico Auxiliar de Saúde. Outro grande e importante problema a resolver é a falta de pessoas nos serviços.
Sabemos que nos hospitais os médicos e os enfermeiros necessitam da colaboração dos assistentes operacionais para melhorar o seu desempenho e a sua assistência aos utentes que ali vão solicitar apoio. É claro que um hospital até pode funcionar sem os assistentes operacionais. Mas também é verdade que as múltiplas tarefas que os assistentes operacionais executam dia e noite são importantes e a instituição trabalha com mais normalidade.
O tempo não pára, apesar dos impasses e dos esquecimentos do Ministério da Saúde, em especial o seu Secretário de Estado. Houve compromissos assumidos pelo Ministério da Saúde e pelas associações representativas dos assistentes operacionais e que actualmente estão num impasse.
A criação da carreira dos Técnicos Auxiliares de Saúde está em banho maria. Os assistentes operacionais que hoje asseguram os serviços auxiliares das instituições de saúde são profissionais com funções específicas. Um assistente operacional, para o Estado, pode ser um electricista, um cozinheiro, um cantoneiro, um vigilante, um motorista ou um trabalhador que colabora com os enfermeiros e os ajuda a prestar os cuidados de saúde de diversa ordem, exercendo tarefas específicas e que exigem conhecimentos, competências e aptidão para as realizar. Por isso, sem faltar ao respeito pelos outros assistentes operacionais, os que trabalham nas instituições de saúde devem e têm funções específicas e querem ter efectivamente direito a ter uma carreira estruturada e a formação adequada às suas funções.
O Ministério da Saúde deve reconhecer e regulamentar a profissão de Técnico Auxiliar de Saúde e aprovar e regulamentar o rvcc dos actuais assistentes operacionais e assim todos estaremos a contribuir para a melhoria do Serviço Nacional de Saúde e destes profissionais.

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