30/04/12

NÃO JULGAR NINGUÉM

 
   Um dia destes encontrei esta história:  


   Um médico entrou no hospital apressado depois de ter sido chamado para uma cirurgia de urgência. Ele respondeu à chamada o mais rápido possível, trocou de roupa e foi directo para o bloco operatório.
Passou pela Sala de Espera sem dirigir uma palavra aos presentes. Mas, um homem gritou:
   -Porque é que o senhor demorou tanto tempo a vir? O doutor não sabe que a vida do meu filho está em perigo? O senhor não tem sentido de responsabilidade. O médico sorriu e disse:
   - Lamento, mas eu não estava no hospital e vim o mais rápido que pude depois de receber o telefonema E agora, se me der licença, eu gostaria que o senhor se acalmasse para que eu possa fazer o  meu  trabalho.
   -Acalmar? Se fosse o seu filho que estivesse nesta sala agora, estaria calmo? Se o seu filho estivesse entre a vida e a morte o que você iria fazer? Disse o pai com raiva.
   O médico sorriu novamente e respondeu:
  -Eu vou dizer o que disse na Bíblia Sagrada" Do pó viemos e ao pó voltaremos, bendito seja o nome de Deus ". Os médicos não podem prolongar a vida. Acalme-se e reze pelo seu filho, vamos fazer o nosso melhor, pela Graça de Deus "
- Dar conselhos é fácil, murmurou o pai.
   A cirurgia levou algumas horas e ao sair o médico disse:
   -Graças a Deus! Seu filho está salvo! "
   E sem esperar a resposta do pai o médico saiu apressado e disse:
  - Se o senhor tem alguma dúvida, pergunte à enfermeira!
   - Que médico tão arrogante! Ele não podia esperar alguns minutos para que eu pudesse perguntar sobre o estado  do  meu  filho!,  comentou o pai ao ver os enfermeiros minutos depois que o médico saiu.
  A enfermeira respondeu, com as lágrimas descerem-lhe pelo rosto:
  - O filho do doutor morreu ontem num acidente de viação, quando o hospital o chamou para a cirurgia de seu filho estava a meio do funeral. E agora que ele salvou a vida do seu filho, ele saiu a correr para terminar o enterro do filho dele.

  Nunca julgues ninguém, porque nunca sabes como é a sua vida  e o que está a acontecer ou o que os outros estão a viver!

20/04/12

A AUXILIAR ASSISTENTE


   Os doentes, partilham as suas doenças durante o internamento no hospital.
   Na sala grande ouvem-se uns aos outros e os familiares falam uns dos outros, observam o que faz o enfermeiro a um e o que o auxiliar faz a outro.
   De repente, um homem põe-se a pé e caminha em direcção à porta da enfermaria e só pára quando a enfermeira lhe pergunta:
   - Onde está a pensar ir, senhor Joaquim? Sente-se lá no seu sofá porque lhe tenho que lhe ver a fralda.
   - Eu não posso ir fazer as minhas necessidades? Ora essa, estou com vontade de urinar.
   - Mas o senhor Joaquim tem um saquinho, não precisa de ir ao quarto de banho, desde ontem que lhe pusemos um saquinho e é para lá que o chichi vai. Não se preocupe e sente-se mas é ali no seu sofá. Oh Manuela, Manuela, ajude aqui o senhor Joaquim a ir até ao seu sofá. Depois não vá embora, vou precisar da sua ajuda para posicionar.
     A enfermeira entra na sala e em voz alta diz:
    -Agora saiam todos por favor. São só dois minutinhos e depois voltam a entrar, está bem?
     Imediatamente um grupo de quatro pessoas deixam a sala. Lá ao fundo permanece uma senhora que acaricia a mão do doente acamado. São muitos anos de vida a viver juntos e agora ele há duas semanas que ali está, sempre na cama, não fala, não ouve mas ela não o quer deixar só. Mas a voz da enfermeira volta-se a ouvir:
   - Minha senhora, por favor deixa-nos tratar dos doentes? Já volta a entrar,  não demoramos e  a senhora volta a entrar.
   Depois de tanta insistência lentamente a senhora larga a mão do seu amado e dirige-se para a porta da enfermaria. Manuela dá uma ajudinha para a senhora andar mais lestra e finalmente fecha a porta. Volta-se e de repente grita:
   -Ó senhor Victor não dispa o pijama, mantenha-se aí deitadinho que já vamos tratar de si.
   Mas o senhor Victor já está em tronco nu, as mãos começam a desfazer a fralda e de nada adianto o aviso.
   - Ó menina, menina puxe-me o lençol por favor. Estou com frio, tape-me os ombros, feche a janela.
   A auxiliar olha para o senhor Victor mas nada podia fazer porque estava a calçar as luvas mas disse-lhe:
   -Senhor Victor aguarde um bocadinho, já vou ajudar a vestir o casaco do pijama. Mantenha-se aí calmo e tranquilo que já aí vamos.
   Nesta sala ninguém dá sossego. Não há posição no sofá, não há posição na cama e a cadeira de madeira de tão dura que é, não aguentam estar sentados muito tempo.
   É neste espaço e neste ambiente que a auxiliar Manuela, como ela gosta de ser chamada e não assistente operacional, trabalha há anos.