20/12/06

FELIZ NATAL

12/12/06

ENFERMEIROS E DIRECÇÃO DO HOSPITAL S.JOÃO

Hospital de S. João anunciou, ontem, que vai apresentar uma queixa-crime contra o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que acusou a direcção clínica daquela unidade de saúde do Porto de esconder a realidade que se vive diariamente no hospital. "Querem enganar os peritos encarregues de verificar se o hospital está preparado para obter a certificação internacional do King's Fund", acusa o SEP, em comunicado enviado domingo aos órgãos de Comunicação Social. O sindicato sustenta que o 'S. João' está a tentar obter aquela certificação "a qualquer preço", escondendo dos "olhares dos peritos" a realidade diária da unidade de saúde. A direcção clínica do Hospital de S. João reagiu, ao final da manhã de hoje, à acusação que classificou como "notícia falaciosa", manifestando a intenção de processar criminalmente o SEP. Especialistas do Health Quality Service estiveram ontem a avaliar se o Hospital de S. João, o maior hospital do Norte de Portugal, tem condições para a sua certificação internacional pelo King's Fund, aplicado às instituições que providenciam serviços de saúde de alta qualidade. Para o SEP, os peritos encontrariam, em circunstâncias normais, "serviços subdotados de profissionais, doentes em macas nos corredores, independentemente da patologia, sem qualquer privacidade para os próprios e familiares". Mas, acusa o SEP, "para ultrapassar esta degradante realidade", os profissionais "receberam ordens verbais no sentido de colocar numa sala todos os doentes que estejam em maca". Ainda segundo o sindicato, a direcção clínica do 'S. João' determinou igualmente a mobilização, para ontem, de enfermeiros de folga, "a troco do pagamento de horas extraordinárias". "Que sistema de acreditação é este [King's Fund] que permite que instituições se preparem e escondam a realidade?", pergunta o SEP.
In, Jornal de Notícias,12/12/2006

A verdade custa muitas vezes a aceitar, mas o que o SEP afirmou tem muito de verdade. Pelo menos no que diz respeito aos doentes terem sido distribuidos por enfermarias de outros serviços e retirá-los dos corredores. Quanto aos enfermeiros terem de fazer horas extra, aí já não digo nada porque não estou lá estes dias.
Esta história da Acreditação já é velha e infelizmente foi o fim de muitas empresas, pois, taparam o sol com a peneira, pagaram forte e feio aos senhores das empresas de acreditação e depois a certificação foi conseguida mas os dias e meses seguintes vieram dar razão aos que duvidavam destas
manobras de bastidores.
Oxalá não aconteça o mesmo no Hospital. Tenho uma certeza: não encerrará o hospital, mas os portugueses poderão ter que pagar bem caro aquilo que não for claro e transparente.

06/12/06

AS MEMÓRIAS DOS AUXILIARES

A criação dos Auxiliares de Enfermagem remonta ao ano de 1947, tendo sido uma solução adoc para suprir a falta de enfermeiros diplomados.
Esta situação aconteceu na maior parte dos países europeus. Em Portugal, entre 1965 e 1974, o número de Auxiliares de Enfermagem que se formavam anualmente era cinco vezes superior (cerca de mil) ao número de enfermeiros com o Curso Geral (cerca de 200).
Grande parte dos Auxiliares de Enfermagem, antes do 25 de Abril de 1974, iam substituindo na prática os enfermeiros, nomeadamente nos hospitais e nos serviços médico-sociais de Previdência, sem as necessárias contrapartidas em termos de:
reconhecimento formal das suas competências,
nível ou estatuto remuneratório,
oportunidades de formação profissional,
etc...........
Tudo isto acabou por originar um movimento reinvindicativo, mais ou menos manifesto, já a partir de 1969.
A criação do Curso de Promoção de Auxiliares de Enfermagem, com a duração de 20 meses, no tempo do Marcelo Caetano, acabou por não ter grandes efeitos práticos, por diversas razões( limitada capacidade de resposta das escolas, dificuldade de dispensar o pessoal por parte dos serviços de saúde, etc.).
A pressão dos sindicatos acentuou-se com a Revolução de 25 de Abril de 1974. Numa conjuntura favorável, as reinvindicações igualitárias, o Curso de Auxiliares de Enfermagem acabou por ser extinto, tendo os Auxiliares com três anos de serviço no mínimo, sido promovidos e integrados na carreira de enfermagem(como enfermeiros de 3ªclasse).
Tratou-se de uma passagem administrativa, já que o novo curso de Promoção de Auxiliares de Enfermagem, criado em 1975, e indispensável para as pessoas progredirem na carreira, esteve muito longe de cobrir toda a população em causa.