15/11/09

OSSOS DO OFÍCIO E NÃO SÓ


   A comunicação social estes dias noticiou que alguns funcionários que trabalham na urgência do Hospital São Bernardo, em Setúbal, foram afectados pelo bicharoco da sarna ( escabióse ). A contaminação teve origem num utente que deu entrada naquele serviço. De acordo com os responsáveis da unidade de saúde, nesse mesmo dia as instalações foram desinfectadas e entrou em acção a Saúde Ocupacional e a Comissão de Controlo de Infecção, estando agora a acompanhar o caso.
  Infelizmente já não é a primeira vez que este hospital vive esta situação. E mais preocupante é que também há neste momento outros estabelecimentos de saúde a lutar contra o mesmo ácaro e também devido a pessoas internadas com esse problema.
   Os Auxiliares de Acção Médica são quase sempre os primeiros profissionais de saúde que contactam com quem chega à porta das urgências hospitalares, pois são eles que ajudam o utente até este ser chamado para a triagem. Continuam a acompanhar o utente durante a sua permanência na urgência, nos possíveis exames e são os auxiliares que transportam o utente até à enfermaria, caso este necessite de internamento para tratar-se. São tantos os momentos em que os auxiliares contactam com os utentes que muitas vezes, devido à falta de pessoal, ao excesso de entradas e também à falta de informação, estes profissionais acabam em vítimas e passam a ser portadores das doenças dos utentes.
  O mesmo se passa com os auxiliares que exercem as suas funções nos serviços de internamento. Muitas vezes não somos convenientemente informados acerca do caso clínico do doente que acabou de entrar no serviço. E há procedimentos que devem ser tidos em conta, como por exemplo, a colocação do "cartão vermelho", um procedimento muitas vezes esquecido ou achado desnecessário pelos enfermeiros, mas que mais não seja, serve de alerta para todos os profissionais de saúde daquele serviço e de todos os que ali tiverem que ir.
   Há depois outros procedimentos que devem ser praticados por todos os profissionais. Por todos e não apenas pelos auxiliares, abrangendo também as visitas de médicos, familiares e amigos.
   A sarna é uma doença que é totalmente tratável e deixa de ser infectante a partir do momento em que se inicia o tratamento e não constitui qualquer risco para a saúde pública. O ácaro Sarcoptes é o responsável pelo comichão na pele e é à noite que mais sentimos necessidade de coçar.
 

    A sarna é uma doença contagiosa transmitida pelo contacto directo interpessoal ou através de roupas contaminadas. O parasita escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita os seus ovos que eclodirão entre 7 a 10 dias dando origem a novos parasitas.
   Daí o alojamento do doente dever ser preferencialmente feito num quarto individual, avisar todos os profissionais da equipa multidisciplinar que trabalha com o doente, contactar até a Comissão de Controlo da Infecção e pedir ajuda. O doente só deve sair do quarto, ou do isolamento,  quando for absolutamente indispensável minimizando assim todos os riscos de transmissão dos microrganismos para o corpo dos outros doentes e dos profissionais, normalmente, os auxiliares de acção médica, que em tantas ocasiões, por determinação dos enfermeiros indo mesmo contra a vontade do doente, temos que dar banho de chuveiro.

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