25/11/09

ASSISTENTES OPERACIONAIS: É HORA DE MUDAR


   Recebi pelo correio o BIT nº10 da ATSGS ( Associação dos Trabalhadores dos Serviços Gerais de Saúde ), que periodicamente envia aos seus associados. É um boletim informativo que a ATSGS publica e contém sempre informações importantes sobre o trabalho dos trabalhadores que a associação representa.
   Neste número de Novembro realço os pensamentos de dois profissionais acerca da situação actual dos trabalhadores dos extintos Serviços Gerais.
   Dada a importância e a actualidade do tema, vou transcrever algumas partes das palavras escritas por estes colegas.
   Começo pelo texto assinado pelo "Oiratilos":
                                                                    O SOLITÁRIO
   "Decorreram de Norte a Sul do País no ano de 2009, Jornadas e Congressos para trabalhadores dos Serviços Gerais de Saúde.
    Como solitário, embora acompanhado da minha velha máquina fotográfica, fiz questão de estar presente em todos, fazendo a minha reportagem e análise, deixando um pequeno resumo para reflexão dos Assistentes Operacionais, concluindo que houve dois a três de boa qualidade.
    - Fiquei muito triste, desmotivado e desanimado, nuns mais que outros,
    - pelas críticas destrutivas,
    - leviandade na escolha de trabalhos repetitivos,
    - condução dos mesmos,
    - falta de respeito entre colegas do mesmo Sector Profissional.
    - certificados entregues mesmo antes do início dos trabalhos,
    - palmas e palminhas por trabalhos, frases, sorteios e outros que não gostei de presenciar.
   Deixo a minha sugestão:
   - Reduzir os congressos e jornadas, trazer a estes eventos maior transparência, rigor, disciplina e     qualidade, quer nos trabalhos, quer na condução dos mesmos.
   - Sejam mais rigorosos na entrega dos certificados e não façam desta actividade uma mera cosmética, com fins puramente lucrativos."
                                                                                         "OIRATILOS"
                                                                              in BIT, SGS,nº10 de 2009.11.07



É HORA DE MUDAR
   Como sabemos, através do D.L. 121/2008, de 11 de Julho foram extintas as carreiras dos Serviços Gerais de Saúde cujos profissionais transitaram para a então criada carreira de Assistente Operacional do Regime Geral da Administração Pública, com entrada em vigor em 1 de Janeiro deste ano.
   Aparentemente seria apenas uma mudança de nome e temos ouvido repetidamente que Assistente Operacional ou Auxiliar de Acção Médica é tudo a mesma coisa. Nada mais errado!
   Em primeiro lugar, atente-se no conteúdo funcional de Assistente Operacional:
   "Funções de natureza executiva, de carácter manual ou mecânico, enquadradas em directivas gerais bem definidas e com graus de complexidade variáveis.

   Execução de tarefas de apoio elementares, indispensáveis ao funcionamento dos orgãos e serviços, podendo comportar esforço físico.
 
   Responsabilidade pelos equipamentos sob a sua guarda e pela sua correcta utilização, procedendo, quando necessário, à manutenção e reparação dos mesmos."
 
   Em segundo lugar, note-se que foi revogada toda a legislação referente às carreiras dos Serviços Gerais de Saúde, logo todos os conteúdos funcionais descritos nos anexos ao D.L. 231/92.

   Em terceiro lugar, muitas outras carreiras que nada tem a ver com os Serviços Gerais e principalmente com a de Auxiliar de Acção Médica, foram também integradas na de Assistente Operacional como, por exemplo, Motorista, Telefonista e todas as carreiras operárias ( canalizador, electricista, carpinteiro, serralheiro, etc.) e até carreiras específicas de outros ministérios como a de Auxiliar de Acção Educativa.

   Torna-se pois muito claro o que se pretende com estas alterações que implicam uma regressão sócio profissional sem paralelo na História recente:
   1- A desqualificação dos profissionais para justificar a manutenção de baixos salários.
   2- A polivalência de funções facilitando a aplicação de mecanismos de mobilidade, num pano de fundo de esvaziamento das funções sociais do Estado e sua entrega aos privados(desde que dê lucro).


   No entanto, a verdade é que independentemente do que aconteça às carreiras, a profissão e os profissionais nunca poderão desaparecer.
   Há muito que se fala na necessidade de regulamentação das profissões que integram a carreira de Assistente Operacional. Muito embora reconhecendo essa necessidade, a solução para nós não é essa mas sim a criação de uma carreira com dignidade de regime especial, que responda às carências dos Serviços e dos utentes e às justas expectativas dos profissionais, que se poderá chamar Auxiliar de Acção Médica ou não, desde que se enquadre no nível de qualificação que merece e precisa e que  vai muito para além das supracitadas funções de Assistente Operacional.
   Tem sido primeira linha de preocupação e intervenção da ATSGS a clarificação do papel dos Serviços Gerais e sua justa reposição no tecido laboral dos serviços de Saúde. Para além de reuniões já efectuadas com representantes da Sra.Ministra da Saúde e responsáveis da ACSS, a Direcção da ATSGS continua a exercer todas as pressões possíveis para resolver de vez esta questão prioritária que é a da carreira.
   Lembramos, no entanto, que é fundamental a participação dos trabalhadores neste processo, quer apoiando a Associação, quer mantendo a postura de dignidade e profissionalismo nos serviços e, sobretudo, evidenciando com actos a sua disponibilidade para a luta sempre que necessário. E que não se duvide: vai sê-lo!
   Assistente Operacional sem qualificação, mão-de-obra barata e polivalente é que não!"
                                                                                            Nelson Raleiras
                                                                             in BIT, SGS,nº10 de 2009.11.07 


Como vêem, os dois textos são esclarecedores e ajudam a entender a situação actual dos trabalhadores dos ex-Serviços Gerais de Saúde. Há uns meses atrás uma pessoa bem enfarinhada nas questões das carreiras profissionais alertou os trabalhadores para a necessidade de disponibilizarem-se para lutarem pela dignidade da carreira e sua regulamentação de uma vez por todas. Os Auxiliares de Acção Médica merecem o mesmo respeito e consideração que recebem os médicos e os enfermeiros. Afinal, fazem todos parte das equipas multidisciplinares que cuidam dos utentes nos estabelecimentos de saúde deste país.
 
      

8 comentários:

Anónimo disse...

Tudo bem! Ou seja , vai-se tentando que esteja.
Eu também recebi o Boletim Informativo e esperava ver mais algumas novidades, mas infelizmente continua tudo na mesma.Dizem aqui que todas as leis (sobre as carreiras) foram revogadas aquando da entrada em vigor das novas carreiras.
Pois eu estou cada vez mais confusa! Ainda hoje me foi dito por alguém do Sindicato da Função Pública que o conteúdo funcional de Auxiliar de Acção Médica continua em vigor, embora com o nome de Assistente Operacional e que só deixará de vigorar quando sair o novo conteúdo funcional.
Digam-me,afinal qual é a lei que vigora?...........se a versão da ATSGS ou se a versão so STFPN?!


É QUE CADA VEZ MAIS, ME É EXIGIDO MAIS E MAIS, MAS CONTRAPARTIDAS É QUE NADA!

Anónimo disse...

Pois, penso que o maior problema que vivem hoje os AO ( ou Auxiliares de Acção Médica )é terem um rol enorme de tarefas que até parece que somos autómatos nas mãos dos outros profissionais de saúde. Destruir uma carreira é facílimo e pensar que os Auxiliares têm de estar sempre "prontos" seja para o que for, ignorando por completo que a nossa função é auxiliar, ajudar a equipa de enfermagem, embora por vezes, façamos o trabalho sem a sua presença.
É exigir de nós e muitas vezes gritam pelo nosso nome esquecendo as boas maneiras de trabalhar em equipa.
Por falta de clarificação e por falta de reconhecimento, algum afecto e compreensão às vezes os turnos arrasam connosco.
O conteúdo funcional para mim está ultrapassado. O AO hoje executa algumas tarefas que não estão escritas no conteúdo actual. E nem por isso as deixamos de executar. Só que se as fazemos mal, ou se algo acontecer ao utente, quem vai responder pelo ocorrido? Sabem como é fácil sacudir a água do capote...dou um exemplo: administrar os comprimidos. De quem é a responsabilidade e a quem está atribuída esta tarefa? Quem trabalha nos serviços de internamentos, por exemplo,sabe ao que me refiro. Mesmo não sendo da nossa responsabilidade e das nossas funções, é o que fazemos todos os dias.
A importância da actualização das nossas funções tem a ver com tarefas como estas e outras que hoje praticamos. E agora estando no grupo dos Assistentes Operacionais, há que esclarecer os limites das assistências porque somos humanos como os outros elementos das equipas "multidisciplinares" de que também somos um importante elo.

Anónimo disse...

Tem toda a razão de falar assim.

Anónimo disse...

Tem toda a razão, sou assistente operacional num hospital e todos os dias temos a medicação em cima das mesas de cabeceira dos doentes.
Afinal de contas essa responsabilidade pertence a quem?
Quando é preciso ir buscar um doente ao bloco operatório tem que ir sempre um enfermeiro e um assistente, até aqui tudo bem. Mas quando temos que levar um doente de cama fazer um RX, muitas vezes acabados de chegar do BO, são as assistentes que o fazem e nestes casos, sózinhas. Então deixo uma pergunta. Seremos nós "burras de carga"? ou será que o nosso corpo é diferente do dos senhores enfermeiros? não somos nós humanos?
alguém que me responda por favor. Obrigado.

Anónimo disse...

boa noite! ao contrario do que muitos AO pensam, são alvo de muita estima e de valor por parte dos enfermeiros. A questão que colocam acerca da medicação prende-´se com o facto de todos os seres humanos serem seres de hábitos, se habituaram os enfermeiros a serem responsáveis pela administração de comprimidos, agora torna-se mais dificil de recusarem uma pratica que parece, infelizmente estar institucionalizada por alguns serviços neste país. por outro lado lembre-se que os enfermeiros não mandam fazer coisas. Delegam algumas tarefas que na sua avaliação o AO é capaz de desempenhar sem asupervisão presente, mas sempre com conhecimento prévio do que estão a fazer. A meu ver isto deveria ser motivo de orgulho e não o contrario.

Em relação aos vencimentos dou total razão à percariedade de vencimentos e contratos, mas a realidade do país parece que veio para ficar.

Em ultima análise parece-me que esta "guerra" entre enfermeiros e auxiliares apenas contribui para o mau ambiente nos serviços de internamente de muitos hospitais portugueses. A culpa não é de A nem de B. É de todos. E apenas reconhecendo os nossos erros de parte a parte puderemos cuidae melhor os nossos utentes.


Enfº Joao

Anónimo disse...

Sou assistente operacional e digo que existe muita falta de respeito por nós somos humilhadas pelas chefias que existem não existe palavras amigas !

Anónimo disse...

Quem diz isto tudo tem de falar nos horários que são a maior vergonha alguma vez vista escravidão total

Anónimo disse...

Fui Auxiliar de acção medica durante uns 10 anos onde sempre houve respeito pelo meu trabalho e sempre trabalhamos em equipa, ha uns 5 anos que a minha categoria mudou para assistente operacional e ai tudo mudou temos k fazer tudo e mais alguma coisa trabalho nos cuidados intermédios onde temos doentes muito dependentes, mas desde que sou assistente operacional sou obrigada a dar banhos a pessoas acamadas e muito pesadas ou sozinha ou com uma colega , porque o enfermeiro fez a avaliação do doente e ele acha que as ASS. podem dar banho sozinhas ja falei com a minha chefia e ela respondeu k se o enfermeiro fez a avaliação do doente e acha que posso quem sou eu para questionar uma ordem do enfermeiro.
sempre adorei a minha profissão amava de coração o que fazia mas agora a falta de respeito pelas ASS deixa-me muito triste e revoltada pois cinto k tenho as mãos e os pés atados porque fui enganada. pois quando me foi informado pela minha chefia que ia passar a ser assistente operacional mas que ficava tudo igual que as nossas funções seriam as mesmas mas ñ foi isso que aconteceu temos k fazer tudo ate fazer limpezas ao serviço quando temos a brigada de limpeza , como muita pena minha vou sair da área da saúde pois ñ aguento mais esta falta de respeito.