Actualmente, em Portugal, das pessoas que morrem por doença, 60% morrem nos hospitais.
Há até quem pense que morrer em casa é um sinal de atraso ou de negligência. Claro que pode haver casos e nós sabemos que existem pessoas que não cuidam bem dos enfermos em casa. Mas a maioria daqueles que morrem nos hospitais, morrem sós, debaixo dos lençois e escondidos por um par de biombos colocados pelo Auxiliar de Acção Médica a pedido do enfermeiro.
Há alguns que despejam o familiar nas mãos do Serviço de Urgência e aguardam que façam o milagre e esquecem que só o poder de Deus é capaz de o tornar realidade. E como os enfermeiros, médicos e todos os outros profissionais não possuem poderes celestiais, fazem aquilo que podem e enviam o moribundo para o serviço de internamento. E aí é recebido pelo enfermeiro que logo de seguida chama pelo auxiliar para ajudar no que fôr preciso. Algumas vezes o doente fica e os familiares vão para suas casas. Passadas umas horas regressam porque aquilo que se previa aconteceu mesmo.
Pergunto eu: não morreu em casa porquê?
O corpo estava doente e nada havia a fazer, mas será que morrer no hospital é como conseguir afastar a dor e o sofrimento?
Os Auxiliares de Acção Médica e também os enfermeiros vivem constantemente entre a morte e a dor.Que formação recebem os auxiliares de acção médica para lidar com situações de morte?
Eu quase que diria nenhuma. Ou seja, como outras coisas, os auxiliares de acção médica têm que se valer deles próprios e da sua capacidade pessoal para lidar com estas situações.
Bem que necessitamos de formação na área dos cuidados paliativos. Os doentes também carecem de melhores cuidados e os auxiliares estão muito tempo junto deles. Tudo o que serve para a humanização do nosso trabalho deve ser um direito nosso. Temos que também exigir mais e melhor formação e temos que ser nós a tomar iniciativa nesse sentido.
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