03/03/11

PENDURAR A FARDA


   Como vai a nossa vida...
   O Governo necessita de dinheiro para pagar as asneiras que faz. Este ano está mesmo com vontade de espremer até ao tutano os portugueses, mas com excepções, como já vão ver.
   O SNS está a ficar sem muitos profissionais e os médicos são a classe que mais está a debandar. Uns reformam-se e outros ainda vão aceitando continuar a trabalhar, embora reformados. Mas depois de experimentarem e se viverem a experiência que o Dr.João Décio Ferreira viveu, acredito que farão o mesmo que este cirurgião fez. Mas vamos à história que li  hoje:
" Após 41 anos de descontos e 65 anos de idade reformei-me. Fiquei com uma só reforma calculada a partir dos descontos que fiz nesses 41 anos. Outros, coitados, como acontece com algumas pessoas importantes em Portugal, que toda a gente conhece, devem ter descontado 80 ou mesmo 120 anos para ter direito a duas ou três reformas. Tenho recebido assim todos os meses na minha conta bancária 1911,99 € líquidos desde que me reformei em 24 de Junho de 2009. Agora parece que vai ser reduzido para, voluntariamente obrigado, contribuir para pagar o buraco do BPN, as segundas e terceiras reformas milionárias de alguns importantes, os "brinquedos" das Forças Armadas, as mordomias dos políticos tão necessários ao país, como todos sabem".
   E o doutor cirurgião continuou a escrever e disse mais isto:
"Após a reforma, ainda trabalhei quase dois anos no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tendo aceitado a proposta para não deixar os doentes desamparados e dar tempo para preparar um sucessor. Só que o interno da especialidade ainda tem dois anos pela frente...".
  
   Acontece que o nosso doutor, agora teve tempo para olhar para os recibos, fez as contas e chegou à conclusão que "o Ministério da Saúde não venha dizer que criou um regime excepcional para voltar a contratar os reformados de áreas necessárias para o SNS, quando o que propõe é 6€ à hora brutos, valor que qualquer mulher-a-dias recebe mais e que é um valor que qualquer pessoa minimamente na posse das suas faculdades psíquicas tem vergonha de propor. Não me parece que qualquer licenciado e ainda por cima no topo da sua carreira profissional permita ser assim tão achincalhado.Há limites que a própria honra impõe".

 E que fez o cirurgião? Pendurou a farda no cabide.

E que dizer dos Assistentes Operacionais a receber ordenados inferiores a 500 € (base de 487,46), para pagar um mês de renda de casa ( ou empréstimo ), água, luz, telefone, transportes, despesas escolares, de saúde e como não nos servem comida de graça, temos que ainda pagar a alimentação. Poderão alguns também pensar no lucro das horas extraordinárias...mas tristemente cheguei à mesma conclusão do doutor cirurgião. É demasiado pouco para o trabalho exercido, para a sobrecarga de horas de trabalho e ainda por cima o senhor IRS vem buscar a parte dele.
Já me apeteceu também pendurar a farda, mas necessito do pouco que recebo como Assistente Operacional.

Sem comentários: