17/03/12

TER UM CURSO NÃO BASTA!

   Eu vivo num país em que se extinguiram grupos profissionais que trabalhavam em diversos estabelecimentos que prestam cuidados de saúde ao cidadão. Por decreto, há muito que não há Criados e Criadas, Indiferenciados e Serventes. Também nos chamaram Auxiliares de Acção Médica, mas hoje, somos e outra vez por decreto, Assistentes Operacionais. Mudou outra vez o nome, mas continuamos sem uma carreira profissional de regime especial  que nos aproxime dos outros profissionais de saúde.
   A ATSGS ( Associação dos Trabalhadores dos Serviços Gerais de Saúde ) 
http://www.atsgs.pt/p/a.t.s.g.s./tem sido uma  associação, que desde a sua criação representa e defende os trabalhadores dos ex-serviços gerais de saúde, nomeadamente os assistentes operacionais.Nunca quiseram ligar-se a uma força política ou sindical e até hoje assim continua a ser. Esta associação já deu provas da sua competência e os seus dirigentes continuam a garantir um tratamento igual, sério e justo aos membros que a eles se dirijam solicitar apoio, esclarecimentos ou intervenção junto das instituições de saúde.
   Não posso ignorar também a Federação dos Sindicatos da Função Pública, http://www.fnsfp.pt/portal/ que também tem contribuído para a resolução de diversas situações laborais e tem lutado ao lado dos profissionais de saúde para a melhoria e a dignificação destes profissionais.
   Os criados e as criadas já passaram à história, mas continuamos a ser bombardeados por estes anúncios:





   E mais estes agora:



   Dois exemplos de anúncios que duas escolas secundárias portuguesas elaboraram para divulgarem o novo curso profissional.
   Observando as imagens e depois de uma breve consulta pela internet, digo-vos que esta forma de comunicar a existência do novo curso profissional, revela que há muitas escolas que desconhecem o dia a dia dos Assistentes Operacionais, num estabelecimento de saúde. Eis algumas:


Alimentação

Arrumar enfermarias

Higiene e Limpeza dos serviços


Transporte de doentes

   O Assistente Operacional que trabalha num estabelecimento que presta cuidados de saúde aos utentes que a ele necessitam ir, deve ter sempre presente que está a exercer uma actividade, embora igual à que outros assistentes operacionais exercem noutros locais, não é a mesma coisa. Mais: o assistente operacional   que trabalha num internamento de medicina, por exemplo, tem competências e tarefas diferentes do colega que trabalha numa central de esterilização, apesar de ambos exercerem funções no mesmo hospital.
   
   Desde o ano passado, ou seja, de Outubro de 2011, muitas escolas secundárias oferecem aos alunos a oportunidade dos seus alunos frequentarem o Curso Profissional de Técnico Auxiliar de Saúde. 
   A propósito do ensino profissional em Portugal, numa recente conferência organizada pela Universidade Católica, o seu presidente, Dr.Joaquim Azevedo dizia isto:
   "Muitas escolas não sabem o que é o ensino profissional em Portugal,
   não têm nenhuma cultura de ensino profissional e, assim, encaram-no como o "quarto escuro" para os 
meninos que se portam mal, que têm insucesso".
   
Joaquim Azevedo defende uma avaliação rigorosa dos actuais cursos profissionais e da sua rede e a sua articulação com os actores locais, para que não haja sobreposição de ofertas. Defende que todas as escolas em que se verifique que aquilo que está a ser oferecido ao aluno é o "quarto escuro" ou o "caixote do lixo" tem de se encerrar de imediato.
   
   Começo a ficar preocupado com o futuro dos Técnicos Auxiliares de Saúde. Lá diz o povo:
    "Quando a oferta é muita..."
   Vou andar atento.

   

14 comentários:

Maria disse...

É necessário ter cuidado com as generalizações. Neste "barco" foram colocadas propositadamente as escolas secundárias, ficando ilesas as escolas profissionais. Não se iludam, meus caros! devo dizer que conheço muito bem os 2 sistemas. As escolas secundárias sempre souberam preparar os alunos e quanto ao "quarto escuro", nas realidades que eu conheço, os alunos estão em cursos profissionais porque querem estar e não por castigo. estão entusiasmados e o ensino ministrado é de alta qualidade. Para muitos deles, os Cursos profissionais foram apenas meios para entrar nas Universidades e fazer cursos superiores, o que aliás já não se passa nas escolas profissionais, em que o ensino ministrado está muito desfasado do ensino regular. em muitas escolas secundárias que conheço para além da carga horária do curso (que e muita) os alunos têm apoios nas disciplinas em que pretende realizar exames específicos.
esse não é o caminho! denegrir a imagem do trabalho sério feito pelas escolas secundárias é baixo nível e revela má-fé. Não opinem apenas, vão ao terreno e vejam como se faz e o que se faz.
Este seu desabafo só pode revelar, mais uma vez, a desconfiança que têm em relação aos TAS. garanto-lhe que, na maioria dos casos, vão sair com bagagem suficiente para não se ficarem por ser TAS, mas muitos deles serão enfermeiros e outros até médicos.

O Escuro disse...

Como é possível os serviços gerais funcionarem com este tipo de comentário "Mais: o assistente operacional que trabalha num internamento de medicina, por exemplo, tem competências e tarefas diferentes do colega que trabalha numa central de esterilização, apesar de ambos exercerem funções no mesmo hospital". Como posso acreditar nos serviços gerais? Tudo o que vejo e ouço é simplesmente oco, vazio. Penso, provavelmente, até terei a certeza na incerteza que me vai na alma, mas que me parece mais certeza do que incerteza, que alguém brinca ou esconde qualquer coisa nesta carreira.

Anónimo disse...

Olá colegas.
Não concordo com os anteriores comentários.
Li com atenção o último Boletim Informativo da ATSGS,que mereceu a minha concordância e que passo a comentar, nos seguintes pontos:
"Não há boas decisões sem o envolvimento de todos os Assistentes Operacionais da Saúde" ( Conselho Directivo.
Quanto à mobilidade especial, diz a Coordenadora da Delegação Norte: "Estão a ludibriar-nos", concordo.
Quanto ao TAS, estou totalmente de acordo com o Sr. Nelson Raleiras.Sabe o que diz e porque o faz.
Relativamente ás mensagens do falecido colega Solitário,são reais e penso que é a altura de as levar-mos a sério, pois elas são de grande relevo e importância.Já que nunca te deste a conhecer é esta a altura depois de nos teres deixado e partires para outro mundo.
Acredita que tu com as tuas intervenções foste muito importante.Mesmo invisível, aparece porque eu não me vou assustar,mas diz-me quem és. Gosto muito de ti e dos teus comentários.
António Pinto.Conheço-te bem. Os teus cabelos brancos são inconfundíveis, sempre que estou contigo dou-te um beijinho. Tu e o Sr. Carvalhosa sois inseparáveis e o elo mais forte da nossa Associação. Dizem que nos ides deixar, mas não façais isso, porque sem vós a Associação fica vazia de conteúdo, confiança e referências.
Gostei do teu trabalho no BIT.
Mabília. Esquece a crise e os políticos, porque a nossa força está na razão da nossa existência. Acredita " Somos imprescindíveis no SNS.
Termino o meu comentário dizendo:
Porque será que os Sindicatos não apresentam relatório de contas e plano de actividades aos seus
Associados?
Parabéns à ATSGS, ao novo formato do Site e Boletim informativo pois é neste que sempre apresenta aos Associados os seus planos e suas contas.
Transparência nos seus actos e na sua actividade, que devem orgulhar os seus Associados.
Os caminhos a percorrer são difíceis. Por favor não
desistam, nem nos abandonem neste momento importante para o reconhecimento das nossas funções.
Não me desiludam, porque eu sempre acreditei e acredito no vosso trabalho e dedicação com transparência, qualidade,humildade, respeito e honestidade.
Dos fracos não reza a história e eu sei que vocês são muito fortes e não vão desistir dos caminhos que defendem para os Trabalhadores dos Serviços Gerais da Saúde.

josnumar disse...

Não sou especialista em educação e nunca pretendi denegrir as escolas profissionais ou as escolas do nosso ensino secundário. Não posso é ignorar os métodos que estes estabelecimentos de ensino utilizam para divulgar, angariar e convencer os jovens a frequentar um curso profissional, em especial, o Técnico Auxiliar de Saúde. Como sócio da ATSGS, desde que iniciei a minha função num estabelecimento de cuidados de saúde, defendo que as pessoas que trabalham directamente com pessoas necessitadas de atendimento nestes lugares, sejam capacitadas de FORMAÇÃO pata melhorar os seus serviços.
A ATSGS vem há anos defendendo a nossa profissão, lutando pela criação e desenvolvimento de um grupo profissional reconhecido pelas organizações nacionais de saúde e também internacionais. Já alcançou uma vitória: o curso TAS. Continua a luta pela dignificação (regulamentação) dos actuais Assistentes Operacionais. Estou com eles e sei que vamos conseguir.
Agora quanto aos desabafos, aos "quartos escuros" ou "caixotes do lixo", não sou eu que sei desses brincalhões, muito menos ando a esconder nada.São as ideias expressas em publico por dois especialistas em educação.

Anónimo disse...

Ter um curso não basta, mas se calhar dignifica o nosso trabalho.Trabalho há 15 anos, nesta profissão,no mesmo local de trabalho, num hospital. Quando fui contratada, definiram-me bem as minhas funções, como Auxiliar de Acção Médica. Confesso que gostei do trabalho e do trato que me deram.
Actualmente,noto e sinto na pele,uma vontade dos superiores hierárquicos e funcionais,de me tratar como uma criada, a quem tudo é exigido, para recebermos em troca um misero ordenado mínimo.Somos desqualificados, não temos uma carreira e aos olhos dos outros profissionais de saúde somos os parentes pobres (por decreto, Assistentes Operacionais)pau para toda a obra.
A nossa volta é tudo licenciado ou Assistente técnico e nós somos trabalhadores indiferenciados. Não,não sou ignorante!Tenho o ensino Secundário completo e não admito que me tratem como ignorante. Agora, falta legislar e valorizar a nossa profissão, que é tão importante como qualquer outra.É IMPORTANTE QUE O NOSSO GOVERNO NOS VEJA E VALORIZE O NOSSO TRABALHO!

O Escuro disse...

Faz-me bastante confusão o porquê de existirmos assim como somos. No meu caso, em que pouco sou, só porque pertenço aos serviços gerais, eu próprio na categoria que estou não sei se estou, por isso a omito. Se não pertencesse a esta carreira, seria mais do que aquilo que sou; mas o porquê da reflexão sobre a minha vida no hospital, com curso ou sem curso? Se não ouvisse, se não falasse e se não visse que ser seria este? As nossas histórias, por estes locais, são passagens de uma curta vida, em que temos desejos, angústias, quereres, derrotas mais que vitórias, atropelos, mal entendidos, que queremos que sejam assim. Sabemos viver de habilidades, atropelos, lutas por um lugar, procuramos esquecer-nos das amizades que tivemos, mas que dói quando delas nos lembramos. Esquece-mo-nos que temos habilidade para dividir a nossa vida com os outros, que temos habilidade para doar, que temos habilidade para sermos diferentes, mas para quê, senão nos deixam? Esquece-mo-nos de momentos de lágrimas, de beijos que são para sempre lembrados e guardados, dos momentos que sonhamos, do amor que partilhamos, do carinho que doamos, enfim, ai se o coração falasse, seriamos mais do que aquilo que querem que não sejamos...

Anónimo disse...

Sigam o pensamento do "Escuro". Esse escreve o que muitos de nós estarão a pensar. Publiquem esse texto no BIT e deixem-se de lismo.

Alex disse...

Tenho estado à procura de um curso de formação na area de auxiliar de acção médica e por acaso vim aqui parar. Já notei alguma polémica mas gostaria, se possível, de um conselho: que curso "válido" me indicariam? Já tenho 46 anos e acho que talvez tenha alguma vocação para este tipo de trabalho, principalmente com pessoas mais velhas. Obrigada desde já.
Alexandra

perdido na selva disse...

Alexandra, lamento ter que lhe dizer isto,ninguém lhe vai responder, pois ninguém sabe. Minto, alguns, alguma coisa devem saber, pois andam por esse país fora, pelo menos dizem que têm reuniões com ministros e secretários de estado. Estarão a orientar a sua vida? Talvez não, talvez sim.

josnumar disse...

Alex...porque hoje não há uma só resposta para a tua pergunta e nas tuas circunstâncias de idade, aconselho que se dirija ao estabelecimento de saúde onde mais desejaria trabalhar e peça informações aos serviços de recursos humanos. O "senhor da selva" não deve viver no nosso país, talvez em Júpiter ou Marte. No nosso país, existe uma associação que trabalha pelo bem dos profissionais que representa e tal como a formiga da fábula, trabalha sem alaridos, mas trabalha para o bem futuro dos assistentes operacionais, lutando precisamente pela clarificação da sua carreira e profissão. Outro conselho que lhe dou: entre em contacto com a ATSGS.

perdido na selva disse...

josnumar, deste paleio, estou cheio de o ouvir há anos. Resultados não os vejo. Transitei de auxiliar de acção médica para a de assistente operacional, por favor diga-me qual foi o ganho que tive? Mesmo vencimento, e pior que isso, mais tarefas a desempenhar. Parece-me que quem chefia são os srs. enfermeiros. Pergunto qual é o peso das chefias dos serviços gerais num hospital? Ao que me tenho apercebido, as próprias chefias de
topo (ex-chefes dos serviços gerais; pois, agora, já não sei qual é a sua categoria)até esses andam a beijar as mãos de toda a gente. Quem souber de algo em contrário que o diga neste forum, e pedirei desculpa por aquilo que disse.

Anónimo disse...

Todos devemos pensar e reflectir sobre o conteúdo das mensagens do Solitário.
Não sei se morreu, ou se ainda está no meio de todos nós, Assistentes Operacionais.
Ele soube os motivos porque escreveu no BIT da ATSGS.
Se morreu, tenho muita pena, mas peço-lhe que continue a inspirar as mentes dos que não acreditam no destino.
Se está vivo, imploro que continue a denunciar e criticar as Gestões Hospitalares, os maus tratos e desconsideração pelos Assistentes Operacionais, os enfermeiros prepotentes, as Chefias dos Serviços Gerais incapazes,as Escolas Profissionais que nos enganam, os organizadores de Congressos e jornadas visando o lucro fácil.
Os Assistentes Operacionais que querem ser TAS, tem que se unir, demonstrar a nossa força, pois somos o segundo Sector Profissional mais representativo do Serviço Nacional de Saúde.
Companheiros, colegas e amigos, deixo-vos um forte apelo:
A união faz a força e se estivermos unidos com a ATSGS e Sindicatos, podemos paralisar as Instituições de Saúde, tal como fazem Médicos e Enfermeiros.
Não sei se o Sr. António Pinto e o Sr.Carvalhosa, vão abandonar a Associação.Conheço-os bem, são colegas a quem devemos muito e tudo farei para que nesta altura em que não está concluído o nosso futuro como TAS, para que não nos abandonem e continuem o seu trabalho, por uma causa justa.
Termino com um apelo:
Vamos lutar até às últimas consequências para que entre a Associação de Trabalhadores dos Serviços Gerais da Saúde e nossos Sindicatos representativos, exista um entendimento conjunto para uma GREVE GERAL DE TODOS OS ASSISTENTES OPERACIONAIS DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE para que o Sr. Ministro da tutela, reconheça as nossas funções com respeito e dignidade que merecemos, pois são os Assistentes Operacionais que mais apoio, carinho e dedicação, prestam aos pacientes.
Aguardo a vossa adesão. Este Governo vai saber de uma vez por todas quem somos, o que fazemos e o que pretendemos.Ou nos respeitam, ou são desrespeitados.
Um abraço amigo para todos os Assistentes Operacionais de todas as Instituições de Saúde do País, incluindo Madeira e Açores.

Vera disse...

Não sou crente em nada que, parece, anda uma maioria de assistentes operacionais a sonhar. Sei, que cada vez exigem mais de nós, mas não vejo ninguém, mas mesmo ninguém, a preocupar-se, "deixa governar-me e fazer de conta". É isto a nossa realidade. Qual a igualdade em direitos? No meu hospital todos os funcionários ganham horas extras e deslocações; os assistentes operacionais, são contemplados com milhares,repito, milhares, de horas em débito por parte do hospital. Será que alguém se preocupa? Será que os dirigentes do hospital não sabem? Começo a ter nojo em ter a categoria de assistente operacional, e ainda há quem pense que vai ser técnico auxiliar de saúde. Ponham os pés bem assentes no chão que é para não desequilibrarem e caírem. Sei que vou ser acusada de pessimista e outros nomes afins porque alguém, eu sei quem, não vai gostar daquilo que digo, mas eu, lá estarei nas próximas jornadas para ouvir aquilo que digo.

Anónimo disse...

Ola a todos!
Chamo-me Jorge, e vou iniciar em Janeiro um Curso Técnico de Auxiliar de Saúde.
Tenha algumas pergunta/duvida sobre esta area. . . .
Será este um bom curso, um curso com futuro ???
Existe muitos homens nesta área ??

Peça ajuda a quem tenha experiência nesta area.

Obrigado