30/09/09

OS ASSISTENTES OPERACIONAIS RECUSAM SER MANIPULADOS






A carreira dos trabalhadores da saúde foi extinta. Na antiga carreira dos serviços gerais de saúde existiam várias categorias, todas com funções absolutamente diferenciadas. Por exemplo, a carreira de Auxiliar de Acção Médica, de Telefonista, de Motorista, de Fiel de Armazém, de Cozinheiro, de Maqueiro, de Electricista, de Apoio e Vigilância, etc.

Hoje todas estas carreiras(profissões se assim quiserem) foram extintas e as pessoas que continuam dia a dia a trabalhar passaram da noite para o dia, por obra e graça dos políticos do nosso país, a ASSISTENTES OPERACIONAIS.

O que antes se chamava Auxiliar de Acção Médica, passou a designar-se por Assistente Operacional. Um motorista ou um(a) telefonista é também Assistente Operacional.

Quem está fora do hospital desconhece a confusão de todos sermos chamados de Assistentes Operacionais. O ex-Auxiliar de Acção Médica, como é Assistente Operacional e porque agora tem de cumprir a lei da mobilidade e flexibilidade, tem que executar as tarefas de quase todas as categorias extintas. Esclareço: se o Assistente Operacional (Ex-Auxiliar Acção Médica) estiver a limpar as casas de banho do serviço de internamento, pode ser chamado por um enfermeiro para o ajudar a posicionar um doente, para ajudar o enfermeiro no tratamento de feridas ou a levar um doente a um exame e até noutras tarefas mais primárias. Ou se um dia, na hora da refeição, o Assistente Operacional, estiver a dar a comida a um doente é bem capaz de ter de interromper esta tarefa para ir colocar um urinol ou uma arrastadeira a um doente doutra sala, regressando depois para continuar a dar a alimentação ao anterior doente. E para que muitas vezes os colegas Operacionais ( antes Auxiliares da Alimentação) possam folgar ou mesmo quando faltam, nada mais fácil do que escalar um Assistente Operacional para o serviço de Copa. Ou seja, o Assistente Operacional agora é mesmo um trabalhador polivalente e Pau Pr’a Toda a Obra, mesmo que a sua formação não seja a mais adequada. O Urgente é que alguém faça as tarefas para que foi chamado.

Hoje chamam-nos de Assistentes Operacionais. E eu digo que há uns Assistentes Operacionais que trabalham 35 horas por semana, não ganham prémio de assiduidade, são funcionários do Estado, têm ADSE, têm um salário base mais elevado e há outros Assistentes Operacionais que trabalham no mesmo serviço, no mesmo turno e fazem as mesmas tarefas mas trabalham 40 horas semanais ( em média ), têm Contratos Individuais de Trabalho a Termo e sem Termo, ganham um prémio de assiduidade, ganham um salário base miserável, podem vangloriar-se de ser funcionários EPE e pouco mais, porque o receio de verem o seu contrato riscado está permanentemente presente no seu inconsciente.

Os Assistentes Operacionais com Contrato Individual de Trabalho nos Hospitais EPE, sofrem as consequências das indefinições das condições em que trabalham, começando pela pesada carga horária, com um salário base ridículo que ronda os 490€, sem perspectivas de progressão salarial e profissional na carreira, consequência da “lei da rolha” de que o Sistema de Avaliação de Desempenho é responsável e muitas vezes sem saber se os seus contratos vão ser ou não renovados.

Concluindo: nós, trabalhadores do ex-Serviço Geral de Saúde, continuamos a exercer as funções de cada profissão. Porque não para cada profissão uma carreira específica?

Um Assistente Operacional não é um tapa buracos e muito menos é digno despir um santo para vestir outro. Mudar de nome não basta! Muito menos pensar que os Assistentes Operacionais têm que obedecer cegamente ao seu superior hierárquico e comportar-se como uma marionete com total ausência de inteligência, de sentimentos e emoções.

Somos profissionais da saúde. Estamos e queremos continuar a trabalhar para o bem-estar daqueles que são a razão da nossa profissão: os utentes dos serviços de saúde.

1 comentário:

rui10 disse...

E eu digo que há Assistentes Operacionais como eu que agora trabalham 40 horas por semana , não ganham prémio de assiduidade, são funcionários do Estado á 17anos e ganham como base 518 euros e há outros Assistentes Operacionais que trabalham no mesmo serviço á menos de 2 anos, no mesmo turno fazem as mesmas tarefas trabalham 40 horas semanais, têm Contratos Individuais de Trabalho a Termo e ganham um prémio de assiduidade.
para concluir estão á dois anos a trabalhar e eu á 17 anos e estão a ganhar mais do que eu!!!!que direi eu desta justiça!!!!