20/02/08

AUXILIARES DE ACÇÃO MÉDICA MERECEM SER RECONHECIDOS

As Unidades de Saúde Familiar vão transformar o Serviço Nacional de Saúde. Neste momento, até ao dia 18 de Fevereiro, 106 USF's já iniciaram a sua actividade.
Os enfermeiros ameaçam abandonar as USF's, caso os incentivos que o Governo disse que dava, não sofra alterações. A ministra da saúde tem afirmado que os incentivos são para todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros e administrativos.
Eu pergunto: As USF não vão ter Auxiliares de Acção Médica ? É que os A.A.M. não são pessoal administrativo...a não ser que os incentivos, afinal, não vão ser para todos os profissionais.Será?
Corre por aí a ideia de que as novas carreiras dos funcionários públicos estão para sairem da gaveta. Os Auxiliares de Acção Médica ainda são profissionais necessários para garantir o bom funcionamento dos estabelecimentos de saúde. Somos gente, muitos de nós, a trabalhar anos e anos e com contratos a termo, com salários(base) que não chegam aos 500 euros, mas que no fundo não fazemos parte das estatísticas. Temos dias em que temos de trabalhar 12 horas seguidas( e não são noites) a que alguém chama "carga horária". Nos hospitais chamam-nos Auxiliares de Apoio e Vigilância ou Auxiliares de Acção Médica. Somos o grupo que menos reinvindica e provavelmente aqueles que mais trabalham. Como seria o dia de trabalho do médico, do enfermeiro se todos os auxiliares, um dia que fosse, decidissem não ir trabalhar? Quem abriria as portas? Quem abriria as janelas das enfermarias, quem ajudava a fazer a higiene aos doentes? Quem levaria os doentes para fazer exames? Quem levaria os sangues, urinas, secreções e outros fluídos para os laboratórios? Quando já não houvesse papel para secar as mãos ou o rolo de papel higiénico chegasse ao fim, quem resolveria a situação? Quando os sacos do lixo estivessem cheios ou os lençóis já não coubessem no saco, quem tratava de retirar os sacos cheios e colocar sacos vazios?Quem colocarias as sondas e os soros de aspiração junto aos doentes necessitados? Quem colocaria todo o material nos carros de higiene? Quem lavaria as casas de banho, os chuveiros, os corredores, as janelas e as camas depois da alta do doente?
E na altura de dar as refeições, seriam os médicos a ajudar os enfermeiros nesses momentos? Gostava de os ver às 19:00, junto ao doente, com faca e garfo na mão a dar a refeição ao seu paciente. E durante a noite, quem atenderia as campaínhas ou levaria o doente à casa de banho?
Nós, os Auxiliares de Acção Médica, aqueles que não temos direito a fazer reinvindicações, porque para os políticos, nós não existimos, mas, os hospitais, centros de saúde e agora as USF, sabem que não funcionarão bem sem a nossa colaboração.
E a verdade é esta!
Apenas queremos ser reconhecidos, como profissionais de saúde, indispensáveis a um bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. Somos a base da pirâmide, mas sabemos que o nosso serviço é fundamental para que o trabalho dos médicos, enfermeiros, técnicos e administrativos e os administradores tenham sucessos e êxitos nas suas carreiras. Somos todos importantes e somos poucos para os muitos que em nós depositam as suas vidas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Substituir enfermeiros por auxiliares de acção médica tem sido uma prática recorrente nos últimos tempos. Longe de aumentar a qualidade da actividade dos auxiliares, a medida terá como finalidades a diminuição nas despesas com os honorários e embargar a contratação de mais enfermeiros.
A sobejamente conhecida carência de enfermeiros jamais encontrará solução neste tipo de medidas que tendem, unicamente, a agravar a qualidade da assistência aos utentes.
Apesar da importância na formação contínua dos auxiliares de acção médica – como afiança a Ordem dos Enfermeiros – esta estratégia fere a integridade dos cuidados de enfermagem à população.
Saliente-se que o exercício profissional de enfermagem centra-se numa relação interpessoal e assenta numa formação e numa experiência que permite ao enfermeiro compreender a pessoa na sua globalidade e especificidade, identificando necessidades de cuidados de enfermagem e tomando as decisões que garantam que as suas intervenções respeitem a pessoa na sua complexidade, e ainda que a atribuição de competências especificas dos Enfermeiros aos Auxiliares de Acção Médica põe em risco a qualidade dos cuidados prestados e a segurança da população, configurando uma clara situação de exercício ilegal da profissão (decreto-lei n.º 161/96 de 4 de Setembro e Decreto-lei n.º 104/98 de 21 de Abril).
Os cuidados de enfermagem só podem ser prestados por enfermeiros, pelo que as substituições por não-enfermeiros são um rotundo erro técnico e táctico.
Publicado por Cris em junho 29, 2004 11:16 PM
Comentários
Cara Mónica: benvinda a este espaço de discussão e reflexão. O que a Mónica diz é muito válido tal como o é a afirmação «há bom e mau em toda a parte». Todos os que trabalhamos na área da saúde conhecemos esta situação e a inversa também. O que importa é que não nos desviemos do cerne da questão que não é mais do que: não permitir que políticas economicistas da saúde afectem a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos utentes. Substituir enfermeiros por profissionais não habilitados, tem sido uma das medidas adoptadas por alguns conselhos de administração. Obrigada
Afixado por: Cris em julho 27, 2004 11:07 PM
Tenho a ideia que nenhum auxiliar quer ser enfermeiro, mas e verdade que muitas obrigações dos enfermeiros são desempenhados por auxiliares, mas pergunto, são os auxiliares que pedem essas obrigações??, estou certa de que não.
O maior e unico pecado de um auxiliar é parecer que não tem cabeça para pensar, tem um pânico fantástico de perder o emprego, e faz tudo o que seja possivel para ficar nas boas graças dos chefes.
Sou auxiliar á 4 anos, e até agora tive imensos problemas por exactamente me recusar a desempenhar funções que são da competência dos enfermeiros, sentido muitas vezes uma pressão enorme para que o faça, e a pressão vem exactamente dos enfermeiros, cheguei a ser transferida de serviço por me recusar a desempenhar algumas obrigações.
Falam como se fossemos nós que quisessemos mas são voces mesmos que parece adorarem descartarem-se de funções para estarem mais tempo a "dar á lingua" e esperam que nós façamos aquilo que deviam ser vocês.
Acredito, que muitas auxiliares agradeciam que as deixassem apenas fazer o que é realmente a sua função.
Afixado por: Monica (AAM) em julho 27, 2004 07:08 PM
Cara Fernanda: os enfermeiros, os médicos, os auxiliares de acção médica, os técnicos de farmácia, de laboratório, de fisioterapia, de radiologia e outros, têm profissões interdependentes cuja finalidade primordial é prestar cuidados de saúde que visem o bem-estar da população. Aos a.a.m., julgo eu, é-lhes exigida a escolaridade obrigatória, enquanto para ser enfermeiro é necessária uma licenciatura em enfermagem e um título profissional atribuído pela Ordem dos Enfermeiros. Os enfermeiros constituem um corpo profissional que baseia a sua actuação nos princípios éticos do Código Deontológico e nos princípios do Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE).
Assim, «enfermeiro é o profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece a competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade, aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária» (REPE – D.L. 161/96, 4 de Setembro). Competências técnicas, científicas e humanas essas que não são – nem podem ser – reconhecidas aos auxiliares de acção médica.
Caro Enfermeirame: receio que em muitas instituições «o caldo já esteja entornado», tal é a frequência com que se recorre à substituição de enfermeiros por auxiliares. Mas, também acredito que este erro não tornará a acontecer se os enfermeiros tomarem sobre si a responsabilidade de dignificar e elevar a profissão contribuindo para a qualidade e eficácia dos cuidados. E, sim, também acredito que passa por não deixar cair certas intervenções de enfermagem, pura e simplesmente porque são intervenções de enfermagem e, como tal, não podem, ou não devem, ser delegadas a outros que não reunam as mesmas competências.
Cara Nat: que este espaço possa ser-lhe útil. Boa sorte.
Afixado por: Cris em julho 6, 2004 11:21 PM
No ENFERMEIRAME já podemos realçar esta questão.
A grande preocupação terá de ser nossa se queremos salvar a nossa profissão e quanto a mim a Ordem dos Enfermeiros esteve um pouco adormecida enquanto o "caldo" ia sendo bem cozinhado por algumas Administrações. Aliás, no meu entender os grandes culpados desta situação serão sempre os Enfermeiros Directores das instituições onde isto possa acontecer. São eles que, numa atitude vanguardista (dizem os mesmos) e economicista, se propuseram a elevar a formação dos AAM. Eu também concordo que a formação dos AAM tem de ser revista, mas não caio na esparrela de entregar essa formação a médicos que estão mortinhos por nos retirar o nosso espaço que cada vez começa a ser maior fruto das nossas evoluções. Enquanto Enfermeiro não embarcarei nesta nau e digo-vos que estou à espera que algum AAM me venha dizer que alguma das minhas actividades vai passar a ser realizada por ele. Mas enquanto enfermeiros da prestação de cuidados não nos poderemos alienar das culpas. Quantos de nós não dão de mão beijada actividades que deveriam ser realizadas por nós a outros. O grande problema é que cada vez mais temos aspirações que não deveriam ser nossas. É a tal megalomania dos Enfermeiros. Havemos de levar tanta porrada que iremos abrir os olhos. Só falta saber se já não será tarde.

Anónimo disse...

Olá Zé. Novidades não encontrei mas li este último post.
Continua, tens jeito.

Anónimo disse...

pois é na verdade os A.A.M estão aos poucos a substituir quem por direito se esqueceu ou simplesmente passou o seu curso para a prateleira pois neste momento os emfermeiros so pensão no que ganham ao fim do mes muitos deles tirando dois hordenados mensais a custa do A.A.M que por obrigação emplementada lhe vai fazendo todo o trabalho do qual ele se descarta pelo ordenado minimo vergonhoso que lhe e dado

Anónimo disse...

Já que todos devem ter reparado como vai a saude no nosso país,porque será?Pois é cada vez há mais emfermeiros que escravizam os A.A.M não sei para quê tantos diplomas e tanto profissionalismo se no fim de contas passam a parte do trabalho aos A.A.M e eles simplesmente ficam com o emprego a sombra da bananeira.Mas a saude em Portugal podia estar bem pior se os não-enfermeiros fizessem o que os emfermeiros vergonhosamente fazem. infelizmente hoje em dia somos pouco dignificados mas somos grandes pois sem nos gostaria de ver um hospital aberto...