01/04/14

TRABALHAR E CONTINUAR POBRE

   Em Fevereiro, o Sindicato da União dos Trabalhadores Funções Públicas  e Sociais do Norte denunciou uma série de irregularidades que estavam a acontecer em vários hospitais públicos. Estamos em Abril e nunca mais se falou e as situações irregulares continuam na mesma.
   Os meios de comunicação social bradam aos quatro ventos aquilo que o Governo acredita ser um milagre: diminuiu o desemprego e o país está melhor. Para este milagre ser mais real, o Governo diz que já criou 120.000 empregos. Se lhe disser que cerca de 30.000 desses empregos foram criados com a entrada de pessoas na Administração Pública na qualidade de estagiários, com contratos a termo certo de um ano de trabalho, a ganhar um salário pobre, mas a trabalhar no duro, não se trata de nenhum milagre.
   Claro que para as administrações de empresas públicas, como por exemplo os hospitais, tem sido um "milagre" a entrada de pessoas enviadas pelos Centros de Emprego. Esquecem-se é que são trabalhadores com vínculos contratuais precários e que têm fortes repercussões nas desigualdades, pois para eles estarem a trabalhar de segunda a sexta, levam a que outros trabalhadores mais antigos tenham que assegurar o trabalho nocturno e aos sábados, domingos, feriados e festas.
   Isto está a acontecer com muitos Assistentes Operacionais que trabalham na área da saúde, nomeadamente aqueles que exercem as suas funções nos serviços de internamento e que funcionam ininterruptamente durante todos os dias do ano.
   Portugal é um dos países da União Europeia com uma das taxas de contratos de trabalho precário mais elevadas. Esta situação acentuou-se nestes últimos anos porque, como concluiu o INE, a criação de empregos tem sido explicada em grande medida pelo aumento de pessoas com um contrato de trabalho a termo certo ou a tempo parcial.
   É importante regulamentar a carreira dos Assistentes Operacionais, futuramente chamados Técnicos Auxiliares de Saúde. A maioria dos actuais Assistentes Operacionais que trabalham nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde são trabalhadores pobres, são trabalhadores que trabalham todo o ano e apesar disso o seu rendimento está abaixo da pobreza, pois o que são 600 euros de salário ( média ) ?

 
   


1 comentário:

Anónimo disse...

E agora calculem esta situação (que é veridica, pois acontece no hospital onde trabalho...)
Sou funcionária publica e fazia as 35 horas, agora passei a fazer as 40. O ordenado (de €400 e poucos €uros) mantém-se igual...
Mas... e neste mas é que está a injustiça....
Quem não é Funcionário publico recebe mais €70 mensais porque quando entrou ja entrou a fazer as 40 horas e a esses €70 chamaram complemento horário...
Agora que fazemos todos as mesmas horas e as mesmissimas funções, os funcionários publicos continuam a receber menos esse complemento horário...
É justo isto?
É legal isto?