17/02/14

SER ASSISTENTE OPERACIONAL ( AUXILIAR DE SAÚDE )





O QUE NÓS PENSAMOS DE NÓS



Testemunho de um colega:
    "Tenho 25 anos e sou auxiliar há 5 anos. Por circunstâncias da vida, só fiz o 12 ºAno, e caí de para-quedas nesta profissão. O meu dia-a-dia no trabalho é um inferno, trabalho numa Unidade de Cuidados Continuados. No meu primeiro dia de trabalho, o meu chefe (um enfermeiro reformado a recibos verdes) disse-me que os auxiliares colaboram com os enfermeiros, mas logo percebi que era mentira. Sou obrigado a fazer muita coisa que não me compete, a administrar medicação oral (os enfermeiros só deixam ao pé dos utentes, nem tiram do blister),a dar banhos sozinho, se for no chuveiro o enfermeiro limita-se a ficar a fazer a cama, de má vontade e quando a faz, mas também acontece dar banhos no leito sozinho. Nas transferências da cama para a cadeira de rodas ou o contrário, nunca estão presentes, não colaboram a meter arrastadeiras ou urinóis. Não deitam os doentes depois do das refeições e muitas das vezes nem a ronda de posicionamento e mudança de fraldas fazem. Nas tardes em 8 horas do turno da tarde, talvez 6h passem a frente de um computador delegando os doentes aos auxiliares. Não ajudam a dar as refeições, só dão aos doentes das sondas porque ainda nisso não nos conseguiram obrigar.
   No turno da noite nunca se levantam do cadeirão para ir atender as campainhas e por vezes nem perguntam porque é que o doente tocou.
Ganho 513,00€ brutos, que com o desconto, fica numa miséria. O subsídio de turno quase nem existe. Sou constantemente humilhado pelos enfermeiros que praticamente têm a
minha idade ou pouco mais velhos são, onde nem respeito têm por auxiliares que podiam ser mães deles e delas.
   Acusam-nos de não limparmos as camas, rampas e etc, mas para eles ficarem sentados no computador temos que fazer o trabalho que devia também de ser deles sozinhos. O meu chefe nunca está do nosso lado, defende sempre os enfermeiros pois é da classe deles. Somos considerados a escumalha lá dentro, os porcos, os preguiçosos, os que só sabem estar sentados e de telemóvel na mão. Mas isso não é verdade. Fazemos muito lá dentro, ate mais do que nos compete.
   Gostava que me aconselhassem, que me esclarecessem, se é normal ser um enfermeiro chefe de auxiliares?  Como posso argumentar minimamente bem para não fazer algumas coisas sem que os enfermeiros me digam frases do género :"não quero fazer nada"? A nível de ordenado será que no Serviço Nacional de Saúde os meus colegas ganham muito mais que eu, que em 5 anos só fui aumentado 10 euros e que o próximo será aos 10 anos de casa e não vai além de mais 10 euros? Não há nada que me ajude a argumentar também neste aspecto?
   Gostaria que se algum auxiliar que trabalhe numa Unidade de Cuidados Continuados me diga se ganham o mesmo e se passam o mesmo que eu. As minhas colegas são quase todas mais velhas que eu, mas não se mexem para melhorar nada, têm medo e eu também tenho, mas quero construir uma vida e não sei como.
   Adoro o que faço, a maioria dos meus doentes são idosos e aprendo muito com eles, mas nestas situações, ando desmotivado."

13 comentários:

Maria Graça disse...

sou professora do curso TAS. Este ano vai realizar-se algum congresso sobre a profissão de auxiliar de saúde? Se sim, onde e quando? Acho importante os meus alunos terem oportunidade de assistir a algumas sessões.
Graça Chaves

Anónimo disse...

Alguém anda enganado. Quem, não sei. Serão alguns? Seremos todos? Alguns, de certeza. Todos, não tenho a certeza. Um dia terei.

Anónimo disse...

O colega faz essas tarefas que não lhe pertencem porque quer, no fundo até gosta...... bastava dizer não uma vez que nunca mais o senhor enfermeiro colocava lá a medicação sem a dar....

Anónimo disse...

Eu também sou auxiliar numa unidade de cuidados continuados basicamente acontece o mesmo que o colega descreveu.

Anónimo disse...

Infelizmente, pela experiência que tenho como Assistente Operacional há já 16 anos, isso é mesmo o dia a dia... A unica diferença é que eu trabalho no internamento hospitalar...
Somos pau para toda a obra e não valemos nada... e se tentamos mudar alguma coisa, além de sermos considerados de revolucionários pela chefia e enfermagem, ainda somos postos de lado pelas próprias colegas... De união não temos nada...

Anónimo disse...

isso é o que você pensa de um enfermeiro, o título não está adaptado ao contexto

Anónimo disse...

`*sub título aliás

Hélder disse...

Acredite que nós pacientes vemos isso e damos-lhe valor. Porque isso também acontece porque nós pacientes deixamos. Isso da medicação já me aconteceu e perguntei a enfermeira se era aleijada das mãos visto que o doente era eu.
Obrigado pelo vosso esforço.

Anónimo disse...

Boas caros membros amigos, sou novo e estou para entrar para assistente operacional em centro de saude, gostaria de saber o que me reserva no exame escrito se e tudo sobre lei o trabalhador ou vem mais questoes? E o fazemos e provas praticas.

Cumps

Anónimo disse...

Caro colega, também trabalho em cuidados continuados e o panorama é o mesmo. Aliás, por momentos achei que estava a ler o testemunho de algum colega da minha unidade. Infelizmente percebi que é apenas mais uma situação numa Ucci por esse Portugal fora. É facto que os enfermeiros não são todos iguais, contudo, depressa se rendem à lei do delegar... Grande abraço e muita força. Nunca desista de fazer aquilo que gosta.

Anónimo disse...

Queridos Auxiliares.... Como o próprio nome indica são AUXILIARES, ou seja, auxiliam. Está descrito tanto pelo Ministério da Saúde como pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social que vos compete prestar cuidados sob supervisão de um técnico com formação superior. Aliás está descrito em Diário da Republica que vos compete responder às campainhas que tocarem e também colocar e remover arrastadeiras/urinóis. Está literalmente exposto isto em Diário da República.

Anónimo disse...

O auxiliar, efectivamente auxilia, que há enfermeiros que não ajudam nem colaboram sim, mas o trabalho do Auxiliar é sim ajudar. É frequente ser um enfermeiro o chefe dos auxiliares, a não ser em instituições muito grandes, nem se justifica um chefe em especifico para os auxiliares. Que os vencimentos, para a carga de trabalho e esforço fisico que acarreta e por ser profissao de risco, deveria ter um "seguro" financeiro complementar, sim devia.
Quanto ao delegar, agradeçam... Tudo o que o auxiliar faz, o enfermeiro faz. O que o enfermeiro faz, o auxiliar não faz. Se contratarem mais enfermeiros, para eles passarem menos horas em frente ao PC e terem menos que delegar, então não são precisos tantos auxiliares...

Susana disse...

Concordo com quase tudo, com exceção de 'Quanto ao delegar, agradeçam...' peço desculpa mas não entendo o porquê desse agradecimento. Como deve imaginar ou observar (ou provavelmente não), o trabalho de um auxiliar não consiste apenas em dar a refeição, fazer/ajudar na higiene e posicionamento. Por experiência própria, tem dias em que só 'arrastada' consigo vir embora, dias em que percorro 10km (sim, 10km, bem contabilizados), muitos deles, evitáveis.