03/11/12

CONFORTO E LIMPEZA NO HOSPITAL

 
   O Hospital de São João, no Porto, vai reduzir o número das horas contratadas com a Coforlimpa que assegura a limpeza naquela unidade hospitalar. O contrato de 30.000 horas vai baixar para 22.000 já em Novembro, talvez a partir de hoje de manhã. No próximo mês de Dezembro irão ser reduzidas ainda mais horas ( ficarão 16.000) para em Janeiro de 2013 ficarem nas 10.000 horas.
   Com a obrigação de reduzir os gastos com a rubrica "Fornecimento de Serviços Externos" devido ao rigor Orçamental do Estado para 2013, o Hospital cortou nos serviços de limpeza.
   Porquê uma redução tão enorme nas limpezas? Horas contratadas em excesso ou má gestão dos recursos destacados para a limpeza? Da tarde para o dia seguinte proceder a uma mudança de procedimentos não é nada bem pensado. Ouviu-se falar aqui e ali que alguma coisa ia mudar, mas de concreto e oficial nada se confirmava. Alguns colegas foram simplesmente alertados para a possibilidade de neste fim de semana terem que executar as tarefas da limpeza das enfermarias e restantes espaços do serviço. Fala-se que aos fins-de-semana a limpeza estará sob a responsabilidade dos Assistentes Operacionais. O que ganha o doente com esta mudança? Não que os Assistentes Operacionais recusem efectuar as limpezas, porque manter o local de trabalho limpo e desinfectado é também uma das suas funções. O que preocupa é não possuir as ferramentas adequadas e em perfeitas condições para executar uma limpeza ideal e que garanta a segurança dos doentes internados, dos profissionais que trabalham no hospital, bem como quem vem de visita ou a consultas. Porque não se acautelou primeiro a existência ou não dessas ferramentas indispensáveis à realização da limpeza?
   Quem trabalha num serviço de internamento hospitalar sabe que normalmente aos fins-de-semana aumenta o número de doentes internados. Consequentemente, também aumenta o número de pessoas a que os profissionais devem prestar cuidados de higiene, de conforto e bem-estar. São mais banhos, são mais roupas e camas para mudar, mais tempo para ajudar os doentes a tomar devidamente as suas refeições, mais campainhas a atender...e se de manhã trabalham dois assistentes operacionais com os enfermeiros nas enfermarias, os turnos da tarde passa a um elemento para todos os doentes, surgem unidades para limpar porque o doente teve entretanto alta médica, transportar os doentes para a realização de exames médicos, transportar amostras para os laboratórios, transferências de doentes para outros serviços...
   Com tantas tarefas para realizar o Assistente Operacional sofre de um maior desgaste físico e que certamente não terá o tempo necessário para as levar até ao fim com total segurança e com a qualidade devida, podendo cair na tentação de aligeirar algumas dessas tarefas.
   Enquanto a situação não for devidamente esclarecida, os Assistentes Operacionais devem procurar manter o equilíbrio e evitar entrar em conflitos com outros profissionais, designadamente com as equipas de enfermagem e médicos. Os Assistentes Operacionais têm que ser capazes de pôr em prática uma série de estratégias que ajudem a facilitar a execução das tarefas. Uma dessas estratégias é a de sermos prestáveis e cordiais com todos e sabermos ocupar sempre o nosso lugar.
   Sabemos que o Assistente Operacional é frequentemente chamado para fazer actividades que nem sequer são da sua competência. Temos que conhecer e saber o que podemos e o que não devemos executar e  saber dizer não a quem nos exige uma tarefa que não nos tenha sido devidamente ensinada e muitas vezes sem a super-visão do profissional de saúde que deve saber e deve fazer essa mesma tarefa que nos está a ser solicitado para a executarmos.
   Limpar um serviço hospitalar exige muito trabalho e como já disse cada serviço deve possuir todas as ferramentas necessárias e as mais adequadas para a realização do trabalho. Sem ovos, não se podem fazer omeletes...
 

6 comentários:

Nuno Cabeceiras disse...

Boa tarde.
Envio este comentário com o intuito de comunicar com a pessoa encarregue pelo blog, uma vez que não encontro nenhum endereço de email para onde o enviar.

O meu nome é Nuno Cabeceiras e sou aluno do 2º ano Psicologia, na UP.
No âmbito de uma Unidade Curricular chamada Psicologia Social da Inclusão e Exclusão, foi pedido aos grupos de trabalho que realizassem um trabalho de campo sobre discriminação. Como achamos que temas como racismo e sexismo são demasiado cliché, resolvemos investigar sobre um tipo de mais subtil de discriminação laboral. Como já tinha ouvido alguns relatos relativos a alguns "abusos" sofridos por profissionais desta área, pensei que poderia ser uma temática mais interessante.
O objectivo do meu grupo seria, eventualmente, passar um questionário ao máximo de profissionais(e presumimos que haveria alguma rede de contacto entre eles, quanto mais não seja uma lista de emails), provavelmente via internet, para tentar chegar a alguma conclusão sobre a forma como os Auxiliares de Acção Médica são vistos e tratados, pessoal e institucionalmente.

Gostaria de saber se poderia ter a sua colaboração. Se sim gostaria de saber para onde posso contactar, na eventualidade de ser construído o referido questionário.

Obrigado

Anónimo disse...

Boa noite!
Acho fantástica a ideia,mas apesar de haver discriminação, em relação aos Auxiliares de Acção Médica por parte de outros profissionais, de forma subtil,os mesmos dificilmente irão admiti-lo.
Eu sou Auxiliar e sei do que falo.Também estou convencida de que a discriminação existe pelo facto de trabalharmos com pessoas muito qualificadas ou que estão habituadas a dar-nos ordens, sempre com a educação e a sensação que estão muitos degraus acima de nós. A falta de Obrigatoriedade de melhores Habilitações e formação Profissional, propicia isso mesmo.

Nuno Cabeceiras disse...

Boa noite.
Eu percebo a questão de não quererem admitir, mas pensamos que isso podia ser minimizado pelo facto do que questionário ser anónimo. Além disso, pensamos em colocar perguntas relacionadas com questões de administração e legislação, pois a discriminação não se faz só pessoalmente.
No entanto, para ser um trabalho minimamente viável, seria preciso um número considerável de respostas e, como tal, seria importante que chegasse às mãos de alguém que o pudesse reencaminhar para uma rede de profissionais do sector.

Anónimo disse...

É muito triste,nós auxiliares ter de aceitar e ponderar que apartir de certos momentos vamos passar a perguntar o que é mais prioritário a fazer. O hospital de S.João devia de passar por certos serviço e convidar toda a gente como chefias a limpar todo o serviço e ainda ter de dar apoio a todos aqueles doentes que chamam para ajudar a tudo que for preciso para beneficio do doente.Pois todos os funcinários de limpeza da empresa são precisos por vezes são essas pessoas que ainda vão ajudando os auxiliares pois oos outros superiores querem é o trabalho feito sem grandes preocupações.Porquê que o Hospital de S.João não faz um referido questionário a todos os funciónarios deste hospital pois toda gente diz que sim e depois depressa e bem à pouco quem.Não abusem da boa vontada dos auxiliares.

Que querem de mim? disse...

Eu, fico perplexa.
Sinceramente não sei onde ando, não sei o que é ser assistente aperacional (Ex-auxiliar de acção médica), pois fico admirada quando leio que as assistentes operacionais vão voltar a fazer limpeza. No hospital onde trabalho é, mesmo, issso que faço, mais banhos, no fundo dar apoio ao doente. Já há muito que, começo a saber que não sei para onde vamos. Por acaso, os hospitais são diferentes quanto às funções das assistentes operacionais? Sinceramente, não vejo nada a evoluir; vejo este grupo, já não sei se são auxiliares, se são assistentes operacionais, ou se por ventura já serão qualquer coisa que eu não saiba, e não haja ninguém que diga o que de facto querem de nós. Por favor, deixemo-nos de tanga e vamos à luta por algo que nos valorize e deixemos de ser tratadas por toda a gente como as servente/criadas de todas as classes e mesmo categorias que proliferam nos hospitais.

Anónimo disse...

Colega, dou-lhe toda a razão! Também já não sei qual a minha profissão. Quando fui contratada, foi para ser Auxiliar de Acção Médica, aceitei com bom grado as funçoes que me disseram que iria executar. já gostei do meu trabalho que já foi mais valorizado. Neste momento sinto-me completamente desvalorizada, cada vez mais nos querem ignorar e tratar como criadas. Lamento que assim seja e que aqueles em quem acreditamos e apostamos, nada faça pela classe. Estamos a regredir a alta velocidade. Sinto uma tristeza imensa e uma frustração enorme!