Há pessoas, doentes, que entram nos hospitais e demoram a sair. Quando escrevo “demoram a sair” refiro-me aos doentes mais idosos, que quando estão prestes a ter “alta” médica a família pura e simplesmente os abandona ou então esquecem-se que essa pessoa necessita de apoio, de ajuda, de atenção dos seus, dos amigos e a continuar a receber apoio médico e de ajudas técnicas.
Isto é uma realidade que acontece nos serviços de internamento dos hospitais portugueses e que muitos portugueses desconhecem. Não se trata de as famílias não possuírem condições económicas, porque estes casos, por incrível que possa parecer, surgem mais naquelas famílias com algumas posses ou com boa condição económica. E como abandonam eles os familiares? Claro que vão lá todos os dias visitar o(a) doente. O que não querem e inventam tudo para que a pessoa lá continue, desculpando-se com a não existência de sítio para o receber e tratar.
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Padre Lino Maia, revela que cada vez mais estão a receber pedidos de ajuda para lidar com esta realidade.
Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, admite que os médicos estão a ser pressionados pelas administrações dos respectivos hospitais para economizar os gastos e para libertar as camas que os idosos estão a ocupar.
Não há estatísticas, não se fala nos jornais ou nas televisões deste drama, deste flagelo. Mas é uma realidade que eu como Auxiliar de Acção Médica assisto no meu local de trabalho e por todo o hospital.
Sem comentários:
Enviar um comentário